Saúde: a disrupção chamada 5G

Por EY Brasil

Ernst & Young Global Ltda.

5 Minutos de leitura 13 jul 2022

Nova geração de conectividade tem um imenso potencial de transformação de todo o ecossistema de saúde.

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ecossistema de saúde está prestes a ser transformado, e um dos fatores dessa disrupção atende pelo nome de 5G. A nova geração da conectividade representa o início de uma jornada de inovação que pode trazer grandes ganhos para todos os stakeholders, uma vez que a lógica da saúde mudará totalmente com o acesso à informação em tempo real, com um monitoramento mais preciso da população. Até agora, era preciso que um problema acontecesse, para que então um diagnóstico fosse feito e um tratamento se iniciasse.

A expansão do 5G, com as oportunidades que abre para o uso de Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial, wearables e ferramentas de telemedicina, viabiliza um ecossistema de saúde que utiliza dados em tempo real para detectar condições em seus primeiros estágios. O acompanhamento contínuo, condição necessária para uma saúde preventiva, depende do engajamento do paciente – e o 5G facilita esse engajamento, com o input de dados confiáveis em tempo real para trazer ainda mais acuracidade aos tratamentos.

Como resultado, o 5G pode promover uma saúde muito mais democrática, acessível a uma parcela muito maior da população – e em regiões e especialidades pouco disponíveis até agora.

O estudo EY Reimagining Industry Futures, desenvolvido pela EY em 2021, mostra que a pandemia colocou o 5G no topo das prioridades do ecossistema global de saúde. Aplicações como o monitoramento de pacientes e a entrega de cuidados pessoais de forma virtual ganharam importância – muito mais do que a coleta passiva de dados.

Naturalmente, os primeiros ganhos virão no espectro mais sofisticado dos serviços de saúde, na forma de cirurgias remotas e ambulâncias e hospitais conectados. Essas soluções se beneficiam da baixa latência do 5G e da capacidade de conexão nos grandes centros, mas será questão de tempo para que uma infinidade de aplicações ganhe corpo. Com isso, veremos uma intensa transformação nos modelos e práticas de saúde.

Três dimensões de transformação

O impacto do 5G no ecossistema de saúde é multifacetado. Com inúmeros stakeholders desempenhando papéis importantes em várias fases da jornada do paciente, é natural que as consequências de uma medicina preventiva em tempo real se mostrem de maneiras bastante diversas.

Uma primeira camada de transformação está ligada aos cuidados de precisão. O entendimento dos hábitos e comportamento dos pacientes a partir de tecnologias e equipamentos automatizados faz com que a coleta e análise de dados dependa menos de ferramentas de engajamento e mais da conectividade. O grande benefício dessa abordagem é a informação qualificada em tempo real, sem que pessoas que não entendam de saúde precisem inserir dados.

Isso representa uma mudança radical na maneira como o ecossistema de saúde monitora os pacientes e lida com as informações. Em vez de depender da memória do paciente ou de seu engajamento com equipamentos e sistemas de acompanhamento, o ecossistema passa a receber informações efetivas em tempo real.

No gráfico, é possível ver os principais casos de uso do 5G na Saúde, com destaque para os investimentos no Virtual Care Delivery e no monitoramento dos pacientes.

Essa capacidade de coleta de dados leva à segunda camada de transformação da saúde: a jornada do paciente. A tecnologia 5G quebra o tradicional ciclo sintoma/diagnóstico/tratamento e permite atender mais pessoas em um momento anterior dessa jornada, em que a possibilidade de sucesso no tratamento é muito maior. Não se trata necessariamente de inteligência preditiva (embora esse caminho também se torne possível), mas a captação de informações antes que os sintomas se manifestem aumenta a assertividade dos tratamentos a custos mais baixos. 

O 5G surge como um elemento importante para a viabilidade financeira do ecossistema de saúde, com a melhoria dos sistemas e processos, além do aumento da eficiência e da produtividade dos profissionais.

A terceira dimensão da transformação na saúde é a das doenças crônicas e cuidados monitorados. Os avanços na conectividade criam condições para que tenhamos mais assistência remota e menos uso de leitos hospitalares. Essa mudança traz um impacto significativo nas estratégias públicas e privadas de saúde e nos tratamentos, gerando mais valor para a qualidade de vida das pessoas.

O cenário trazido por essas três dimensões permitirá que o ecossistema de saúde surfe uma onda positiva que foi iniciada pelo aumento do engajamento digital em meio à pandemia. Nos últimos dois anos, a prontidão digital aumentou e as resistências à coleta de dados pela população diminuíram. A constatação de que contatos digitais se tornaram mais seguros quebrou a maior barreira ao uso de recursos de telemedicina.

E isso tudo será exponencializado com o uso do 5G e sua complementariedade com as demais tecnologias.

Privacidade em debate

A transformação do ecossistema de saúde depende, entretanto, de um aspecto essencial: a coleta de dados e o monitoramento dos pacientes. Para que o potencial do 5G se concretize, os stakeholders precisam dar prioridade às questões relacionadas à privacidade e à segurança das informações.

O aumento da vulnerabilidade referente a segurança dos dados é o principal desafio apontado pelas empresas do setor, seguido pela ausência de regulação sobre o 5G Industrial.

Com o aumento da conectividade e a inclusão de novos dispositivos como parte dessa arquitetura de cuidado do paciente, as ameaças cibernéticas podem ter um impacto ainda mais importante. Como o sistema brasileiro de saúde é baseado na gestão de riscos, poderemos ter limitações ao acesso à informação, que certamente impedirão que a conectividade 5G alcance todo seu potencial.

Por outro lado, o 5G estimula cada indivíduo a ter sua própria wallet digital de informações de saúde, disponibilizando acesso a essa carteira somente para quem for autorizado. Empoderar o indivíduo, que é o proprietário de suas informações, está alinhado à filosofia da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas é preciso estar atento à governança desses dados. Nesse novo modelo de gestão da informação, cada indivíduo passa a ser responsável pela liberação do acesso do ecossistema de saúde às suas informações.

Nos próximos anos, em paralelo ao desenvolvimento do 5G, haverá um avanço significativo nas estruturas de governança para o uso correto dos dados dos pacientes e dos serviços de saúde. Considerando que essas informações poderão ser usadas não apenas individualmente, mas também de forma coletiva, abrem-se possibilidades interessantes para que os governos utilizem dados populacionais para dimensionamento de campanhas de vacinação ou de ações em tempos de crise. Por outro lado, os sistemas federais, estaduais e municipais precisarão reforçar suas estruturas de segurança para lidar com o aumento do volume de dados armazenados e trafegados.

Ferramentas e estruturas não são, em si, boas ou ruins. Bem ou mal é o que se faz a partir desse arcabouço. Por isso a governança e o uso ético dos dados se tornam tão importantes. A conectividade 5G é estruturante e quebra barreiras de uma forma exponencial. Nesse sentido, o 5G se mostra tão significativo como a internet, pois conecta tudo a tudo e potencializa as atividades dos ecossistemas.

Com o 5G, a intensificação das conexões permitirá acelerar a capacidade de troca de dados entre os diversos agentes do sistema de saúde, gerando mais informações, conhecimento, interações e novas aplicações. O resultado será a democratização do acesso à saúde, com um impacto significativo sobre a qualidade de vida da população brasileira.

Por Luciane Infanti, sócia e líder da EY-Parthenon para a América do Sul

José Ronaldo Rocha, sócio de Business Consulting da EY

Resumo

O ecossistema de saúde está prestes a ser transformado, e um dos fatores dessa disrupção atende pelo nome de 5G. A nova geração da conectividade representa o início de uma jornada de inovação que pode trazer grandes ganhos para todos os stakeholders.

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