Considerando que a transformação precisa de ousadia, será que os bancos dispõem das ferramentas certas para obter sucesso?

18 Minutos de leitura 10 jan 2023
Por Jan Bellens

Lider Global da EY para Banking & Capital Markets

Líder apaixonado por inovação em serviços financeiros, especialmente em mercados emergentes. Cidadão do mundo global. Ávido viajante.

18 Minutos de leitura 10 jan 2023

Os líderes da transformação bancária em todo o mundo descobrem seis recomendações com o objetivo de reformular a mudança organizacional.

Em resumo

  • A transformação é vital, mas resultados abaixo do ideal já são lugar comum.
  • Uma gestão executiva ativa e engajada é crucial para orquestrar e inspirar uma nova abordagem de mudança.
  • Seis recomendações principais vão proporcionar ao seu banco as melhores chances de sucesso.

Os bancos estão lutando para se transformar. 38% dos líderes afirmam que as transformações registram desempenho inferior em relação aos principais indicadores de desempenho (KPIs). Paralelamente, dois terços (67%) experimentaram pelo menos uma transformação de baixo desempenho nos últimos cinco anos.

No entanto, dois terços dos executivos também declaram que a capacidade de transformação de uma organização é extremamente importante para sua existência futura. Se os bancos reconhecem a importância de uma transformação bem-sucedida, por que não atendem às expectativas com tanta frequência? E mais importante ainda, como podem aumenter a probabilidade de sucesso? 

A probabilidade de sucesso da transformação

38%

dizem que as transformações têm desempenho inferior aos KPIs.

As equipes da EY entrevistaram executivos de transformação bancária em 10 grandes bancos multinacionais em diferentes locais ao redor do mundo. Também buscamos as opiniões de nossos próprios especialistas em transformação bancária. Com base nessas conversas, elaboramos uma série de recomendações sobre como os bancos podem melhorar os resultados da transformação.

Paralelamente, a EY realizou recentemente uma pesquisa intersetorial com a Universidade de Oxford para entender os impulsionadores do sucesso concentrados nas pessoas. Os resultados desta pesquisa, EY Transformation Leadership: Humans@center , são referenciados ao longo deste artigo.

  1. Redefina a transformação, com foco na melhoria fundamental das experiências de clientes e colaboradores.
  2. Inspire e lidere desde cima, para que a gerência executiva determine e comunique a visão e a estratégia de transformação do banco.
  3. Repense a ideação da transformação e a avaliação do investimento, garantindo que seja considerado o impacto das iniciativas na experiência do cliente e do colaborador, bem como o desempenho financeiro.
  4. Reposicione-se para agilidade em escala, com foco em tecnologia central, cultura, estrutura de equipe e governança como facilitadores para mudanças rápidas.
  5. Reordene os talentos e invista nas pessoas, dando especial atenção à diversidade e à proposta de valor para os atuais e futuros colaboradores.
  6. Reavalie o rastreamento e o monitoramento de desempenho, fazendo uso de várias métricas financeiras e não financeiras.
Close-up de tintas aquarela e pincel de pintura
(Chapter breaker)
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Capítulo 1

A redefinição de transformação

A transformação deve ser ousada e centrada tanto nos clientes como nos colaboradores.

Transformação significa mudança ousada e fundamental

Quase todos os bancos fazem afirmações ousadas sobre a transformação. Mas nossas entrevistas com líderes de transformação bancária descobriram que a transformação significa coisas diferentes para bancos diferentes – e às vezes até para pessoas diferentes que atuam no mesmo banco. Os profissionais de transformação da EY compartilham a mesma visão de muitos dos bancos que entrevistamos, de que a transformação significa uma mudança fundamental na forma como um banco opera e nos produtos e serviços que fornece. É absolutamente necessário para a sobrevivência a longo prazo diante da ruptura trazida pelos primeiros desafiantes do mundo digital e pela evolução das expectativas dos stakeholders e dos clientes.

Isso significa que, para ter sucesso, o processo de transformação nunca deve terminar. Claro que as iniciativas individuais podem terminar, mas todas devem contribuir para um programa contínuo de adaptação. No entanto, nem todos os bancos pensam assim. Para alguns, transformação significa refinar e simplificar produtos, serviços e processos, em vez de repensá-los radicalmente. Portanto, o primeiro e mais fundamental passo necessário para que os bancos se transformem com sucesso é que os executivos compreendam a natureza holística da mudança pela qual suas instituições devem passar.

Colocar os clientes no centro da transformação

Os bancos também precisam adotar uma abordagem de transformação que coloque o cliente em primeiro lugar. Com muita frequência, os programas de transformação são impulsionados principalmente por um imperativo de cortar custos ou atender a uma diretiva regulatória. Claro que isso é vital. Contudo, também se faz necessário transformar as experiências do cliente. Dado o foco do novo negócio no cliente, até mesmo as transformações promovidas principalmente pelo corte de custos ou conformidade regulatória devem ser vistas sob o prisma das experiências do cliente. Os bancos têm uma gama diversificada de clientes, portanto, devem considerar as diferentes necessidades de sua base de clientes ao projetar o portfólio de transformação.

“Atá há pouco tempo, a nossa ambição de transformação era nos tornarmos um negócio de tecnologia, porque percebemos que a tecnologia representa o futuro do setor bancário”, explica Peter Adams, CEO do ING na Bélgica. “Isso é verdade até certo ponto, mas a palavra 'cliente' estava completamente ausente. O novo plano de transformação da ING Belgium, chamado Route24, é muito diferente e contém mais de 100 iniciativas que, em última análise, geram valor para clientes internos e externos.”

Perguntas que os bancos devem fazer ao procurar redefinir a transformação:

  • A nossa estratégia de transformação é suficientemente ousada?
  • Nossa estratégia, plano e ações de transformação preservam ou melhoram a margem e a alavancagem operacional em tempos de incerteza?
  • Os clientes, colaboradores e parceiros de negócios estão na vanguarda dos nossos planos de transformação?
  • De que forma criamos uma cultura de transformação contínua?
  • Estamos fornecendo aos nossos líderes treinamento e coaching para repensar a transformação e entender como de fato é o sucesso?
O pincel de um artista fica em uma paleta bagunçada
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Capítulo 2

Inspire e lidere a partir do topo

A gestão executiva deve conduzir a transformação, começando com a comunicação de uma visão clara e convincente para a mudança.

Comunique a visão de transformação

A transformação bancária deve ser conduzida desde o topo da organização. A pesquisa da EY descobriu que os líderes de transformações de alto desempenho eram muito mais propensos do que aqueles de transformações de baixo desempenho a articular claramente por que a organização precisava mudar com uma visão que inspirasse os colaboradores a ir além. A gestão executiva deve conceber e comunicar de forma ativa e consistente, interna e externamente, uma visão transformadora alinhada com a estratégia abrangente do banco. Também é vital delinear por que a transformação se faz necessária. Isso ajudará a criar confiança no plano de transformação em toda a organização e inspirará as equipes a participar. A gerência executiva também deve, naturalomente, supervisionar a execução dessa estratégia.

Entretanto, geralmente esse não é o caso. De acordo com os líderes de transformação com quem conversamos, a causa de transformação malsucedida citada com mais frequência é uma visão pouco clara. Além disso, menos da metade (41%) dos colaboradores entrevistados afirmam que entenderam e acreditaram na visão e na estratégia de transformação de sua organização.* Na pior das hipóteses, a responsabilidade é delegada aos "proprietários do produto" ou a outros indivíduos fora da equipe executiva. Em muitos bancos, a administração executiva delineia uma visão de transformação, mas depois fracassa em realizá-la.

“O que mais promove uma transformação bem-sucedida é garantir que todos os principais stakeholders estejam alinhados com seu objetivo, desde o início”, diz o diretor de operações de um grande banco internacional. “Os bancos geralmente são organizações enormes e fragmentadas com muitas linhas de negócios, cada uma com suas próprias prioridades. É difícil alinhar tudo isso em torno de um propósito comum, a menos que seja conduzido pela administração de nível mais sênior.”

A chegada a um acordo a partir do topo

Revela-se crucial para o sucesso que a equipe de gerenciamento executivo e os gerentes seniores concordem com a estratégia de transformação. Caso contrário, a transformação será prejudicada por objetivos e prioridades individuais desalinhados. Os KPIs pessoais e funcionais podem precisar ser revisados para se criar uma cultura de responsabilidade e garantir que todos contribuam para a agenda de transformação.

“Uma situação clássica é que algumas partes do banco podem ficar encarregadas de aumentar a eficiência, enquanto outras podem ser estimuladas a melhorar as experiências do cliente”, explica o Dr. Dennis Khoo, sócio-gerente da allDigitalFuture. “Isso pode levar a cortes na equipe de operações, o que, por sua vez, prejudica a experiência do cliente. Por isso, é importante que todos estejam alinhados.”

Os KPIs dos profissionais no topo da organização também podem exigir ajustes. Uma das principais razões pelas quais a gerência executiva não lidera a transformação é porque o tamanho de seus bônus toma por base, principalmente, métricas financeiras de curto prazo, como crescimento de receita. Evidências informais sugerem que o mandato médio de um executivo bancário é de dois anos, dando-lhes pouco incentivo para investir pessoalmente em iniciativas de transformação complexas e de longo prazo. Os membros do conselho de administração devem, portanto, considerar a integração dos KPIs de transformação nas avaliações de bônus dos executivos.

A construção da crença dos colaboradores na transformação

41%

entenderam e acreditaram na visão e na estratégia de transformação de sua organização.*

Principais questões para os bancos quando procuram estabelecer a estratégia do banco de cima para baixo:

  • Como fazer para alinhar, estimular e incentivar nossos líderes e redes de influenciadores em torno de esforços de transformação em larga escala?
  • Qual é o equilíbrio certo entre supervisão e administração quando se trata de envolvimento executivo em iniciativas de transformação?
  • A comunicação executiva sobre a visão e a estratégia de transformação do banco está repercutindo interna e externamente?
Close-up de um pote de pincéis
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Capítulo 3

Repensar a ideação da transformação e a avaliação do investimento

A inspiração para a transformação pode vir de dentro e de fora do banco. Também pode ser necessária uma nova abordagem de financiamento.

Ideias de transformação de crowdsourcing

Nossas discussões com os bancos sugerem que os colaboradores raramente são consultados e que as tendências externas – como o surgimento de novas tecnologias ou novos modelos de negócios em outros setores – raramente são consideradas.

Os colaboradores que estão mais próximos dos produtos e podem se enquadrar em um grupo demográfico de clientes reconhecidos podem trazer perspectivas novas e relevantes. Portanto, os bancos devem formalizar processos para oportunidades de transformação de crowdsourcing de toda a força de trabalho, lançando mão de iniciativas como hackathons, e a liderança sênior deve ser fortemente incentivada a se envolver. Além disso, a gerência executiva deve estar ciente, regular e formalmente, das principais tendências externas que estão moldando a transformação em todos os setores.

A DBS adotou exatamente essa abordagem. “Existe uma equipe de inovação dedicada em nosso grupo de transformação que explora as principais tendências no setor bancário e em todo o mundo. Ela analisa tendências, como metaverso, sustentabilidade e computação quântica, para determinar se e de que formas o banco será impactado”, explica Nimish Panchmatia, diretor de dados e transformação da DBS.

“Os executivos de nível sênior dedicarão até um dia por ano para discutir essas tendências, a fim de realmente entender as implicações para o banco e como elas devem ser consideradas na estratégia de transformação.”

E como pagar pela mudança?

A garantia de financiamento adequado consiste em uma das barreiras mais significativas para realizar uma transformação bem-sucedida. Além disso, apenas uma minoria (41%) dos executivos afirma que o dinheiro é disponibilizado para financiar inovações e ideias.* Portanto, os bancos devem repensar como avaliam e financiam a transformação. Como ponto de partida, ajustes podem ser realizados nas estruturas usadas para avaliar as iniciativas de transformação em potencial. Normalmente, os bancos avaliam principalmente o retorno financeiro potencial em um período de cinco anos; esse limite de tempo pode levar a iniciativas revolucionárias que exigem um período de retorno mais longo sejam deixadas de lado.

Proteger os dados necessários para avaliar as transformações pode ser difícil. Os bancos devem definir níveis de tolerância de acordo com o escopo e potencial vantagem para aprovar transformações que podem carecer de dados de suporte completos. Alguns bancos decidiram cortar orçamento para transformações arriscadas, mas potencialmente revolucionárias, que têm um retorno prazo mais longo.

As principais perguntas que os bancos devem fazer ao repensar a ideia e o investimento:

  • Estamos prestando consultoria em toda a empresa e prestando atenção às megatendências externas ao formular planos de transformação?
  • Estamos considerando métricas humanas, financeiras e não financeiras ao avaliar as iniciativas de transformação?
  • Os "nossos programas de transformação mais inovadores" seriam aprovados com nossos critérios de avaliação atuais?

 

Artista feminina pintando retrato em tela
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Capítulo 4

Reposicionamento para obter agilidade em escala

Faz-se necessária uma nova abordagem de governança, cultura, estrutura de equipe e tecnologia para transformar em ritmo mais intenso.

Aprenda a falhar rápido

Com a grande rapidez das mudanças nas expectativas dos clientes e a revelação, por novos entrantes no mercado, de uma série de proposições inovadoras em alta velocidade, os bancos precisam encontrar maneiras de acelerar o ritmo da transformação.

Um dos aspectos mais importantes, porém muitas vezes negligenciado, da agilidade, consiste na capacidade de interromper as transformações que não estão sendo entregues e se concentrar em novas oportunidades sem demora. Essa capacidade de falhar rapidamente e partir para outra iniciativa é essencial para evitar o desperdício de recursos em iniciativas improdutivas. Os bancos devem fornecer a governança necessária para identificar projetos de baixo desempenho enquanto desenvolvem uma cultura que não pune as iniciativas malsucedidas, mas as encoraja como parte de um processo iterativo de aprendizado. No entanto, apenas 43% dos executivos dizem ter deixado claro para os colaboradores que a falha na experimentação não afetaria negativamente sua carreira ou remuneração.*

Incentivar uma abordagem de "falha rápida"

43%

dizem que deixaram claro para os colaboradores que a falha na experimentação não afetaria negativamente sua carreira ou remuneração.*

Equipes-de-equipes: uma forma de reunir funções

EY Transformation Leadership: A pesquisa Humans@center descobriu que os líderes de transformação bem-sucedidos cocriam novas formas de trabalhar e capacitam os colaboradores a redesenhar e redefinir seu próprio trabalho. Para facilitar a colaboração, os bancos devem criar equipes de equipes multifuncionais que sejam incentivadas a fornecer resultados específicos. Isso pode incluir o redesenho de aplicativos de hipoteca ou a experiência de “inscrever-se no banco”. Essas equipes devem incluir representantes das equipes de negócios e tecnologia, bem como das funções de risco e controle.

Muitos bancos criaram essas equipes para iniciativas específicas, mas não facilitam a colaboração interfuncional contínua. Esta é uma área onde muitas empresas lutam hoje: apenas uma minoria da força de trabalho diz que colabora bem em todas as unidades, funções e áreas geográficas durante a transformação.

“Equipes de equipes multifuncionais são essenciais para promover a transformação no ritmo necessário”, explica o Líder Sênior de Transformação de um grande banco norte-americano. “O essencial é que todos naquela equipe, independentemente de onde vieram, sejam avaliados em relação ao mesmo resultado.”

A tecnologia de nuvem dá asas à agilidade

Os bancos precisarão estabelecer os recursos de tecnologia e dados necessários para dar vida à sua visão de transformação, o que pode exigir investimentos significativos. Sistemas bancários centrais modernos podem ser necessários para acelerar a integração de novas tecnologias que permitirão acesso rápido a dados importantes.

“Os bancos precisam de uma arquitetura de tecnologia moderna para realizar a transformação com agilidade”, diz Raphael Schapiro, Chief Technology & Operations Strategy and Transformation Officer, BMO. “É importante ter aplicativos na nuvem, mas quando se trata de desenvolvimento de produtos, também importa que os principais fluxos de trabalho sejam criados "nativos" da nuvem. Isso permite automação e economiza tempo significativo.”

As principais questões para os bancos que buscam se reposicionar para obter agilidade em escala:

  • Nossa cultura e governança permitem que transformações de baixo desempenho sejam abortadas sem demora?
  • Nossas equipes de equipes estão alinhadas e trabalhando de forma eficaz e podem ser implementadas em toda a empresa?
  • Que mudanças podem ser realizadas em nossa tecnologia e sistemas de dados para acelerar a mudança?
Mão do artista segurando a pintura de pincel em uma tela
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Capítulo 5

Reordenar talentos e investir em pessoas

A liderança deve atualizar as proposições de talentos para ter a melhor chance de obter as habilidades necessárias para a transformação.

Atualizar propostas de talentos

Os bancos devem mapear as habilidades de que precisarão para promover a transformação com sucesso. A maioria percebe que precisa de desenvolvedores e codificadores de software, no entanto, engenheiros de dados, cientistas de dados e arquitetos de dados, bem como aqueles versados em práticas ágeis, como scrum masters, também são vitais. Indivíduos com conhecimento técnico e de negócios são inestimáveis, assim como aqueles com soft skills, como comunicação e empatia. Atualmente, 44% dos executivos dizem que sua organização tinha as habilidades digitais e a mentalidade necessárias para a transformação.*

Uma vez que a liderança tenha mapeado as habilidades necessárias, é imprescindível que trabalhem com o Diretor de Recursos Humanos, Diretor de Operações e Diretor de Tecnologia para determinar a combinação ideal de requalificação, recrutamento, trabalhadores temporários e especialistas externos e consultores para garantir isso para o o negócio. A tecnologia e outras habilidades necessárias para a transformação são escassas, então há uma forte ênfase em investir nos colaboradores existentes para desenvolver as mentalidades e habilidades necessárias.

Os bancos também podem precisar repensar suas proposições de talentos para atrair e reter os melhores. Articular a trajetória de transformação no primeiro contato com possíveis novas contratações é fundamental, assim como comunicar o papel potencial desses novos contratados nessa transformação.

“Há efetiva carência de habilidades em tecnologia e dados, por isso estamos investindo mais em nossa proposição de talentos”, diz o Diretor de Transformação de um grande banco da Ásia do Pacífico. “Isso inclui garantir que o trabalho seja interessante, que haja grandes perspectivas de carreira e que a remuneração seja competitiva. Também é vital falar sobre os planos de transformação do banco, seu futuro mix de negócios e como a transformação tornará o banco um lugar gratificante e compensador para se trabalhar.”

A maioria percebe que precisa de desenvolvedores e codificadores de software, contudo, engenheiros de dados, cientistas de dados e arquitetos de dados, bem como aqueles versados em práticas ágeis, como scrum masters, também são vitais. Indivíduos com conhecimento técnico e de negócios são inestimáveis, assim como aqueles com soft skills, como comunicação e empatia.

A cultura flui de cima para baixo

A importância da cultura não pode ser exagerada. A liderança sênior precisa definir a cultura e os comportamentos associados que melhor apoiem a visão de transformação. Isso geralmente envolve um nível desconhecido de abertura à colaboração, novas ideias e experimentação e, como consequência, novos níveis de tomada de riscos. Também é fundamental incutir uma cultura de responsabilidade, em que os encarregados de liderar e efetivamente entregar a mudança assumam a responsabilidade pela execução.

No entanto, apenas cerca de quatro em cada dez executivos concordaram que sua cultura organizacional contava com um senso de urgência sobre mudança e transformação. A mesma proporção concorda que sua cultura incentiva a inovação e novas formas de pensar.* Os incentivos e a gestão de desempenho podem precisar ser revisados para incentivar comportamentos culturalmente alinhados.

Além disso, o equilíbrio cultural correto somente será alcançado se for demonstrado pelos executivos em todos os momentos e incorporado aos programas de gerenciamento de mudanças. As organizações com baixo desempenho quando se trata de transformação destacaram o apoio limitado da força de trabalho como o principal motivo.

“Por mais que um banco esteja tentando se transformar, um determinante-chave do sucesso é a cultura e a disposição dos executivos e gerentes de nível sênior de assumir riscos pessoais e praticar a coragem”, diz o diretor de estratégia de um grande banco norte-americano. “Muitas vezes, as iniciativas de transformação são baseadas no que as equipes sabem que podem entregar, mas isso é limitante. É melhor seguir seu instinto e transformar de uma forma que você acha que terá um grande impacto, mesmo que haja alguma incerteza. A liderança pode estimular a tomada de riscos pessoais, permitindo que as pessoas fiquem aquém sem o risco de demissão se uma transformação específica não funcionar. Isso encoraja a tomada de riscos futuros.”

E não se esqueça da diversidade

As equipes de transformação preparadas para o futuro devem ser diversificadas em termos de gênero, etnia, nacionalidade e experiências. Isso garantirá que uma variedade de perspectivas esteja disponível. No entanto, não basta ter uma sala diversificada. Pessoas de diferentes origens precisam ser incentivadas a expressar suas opiniões, especialmente se estiverem entre os membros mais jovens da equipe.

“Minha equipe trabalha muito em segurança psicológica, que se faz necessária para garantir que as pessoas sejam encorajadas e tenham liberdade para dizer o que querem”, explica o Group Head of Transformation de um banco multinacional. “Isso é fundamental, porque as pessoas que realmente sabem qual é o problema geralmente não são as pessoas mais importantes sentadas à mesa. Este é um elemento-chave da diversidade. Todos os estudos que tive a oportunidade de observar dizem que as equipes que se sentem psicologicamente seguras apresentam melhores resultados.”

Principais questões para os bancos ao buscarem reordenar talentos e investir em pessoas:

  • Temos uma estratégia de quadro funcional direcionada para atrair, desenvolver e reter os talentos certos?
  • Como definimos e incorporamos uma cultura transformadora de melhoria contínua em um ambiente de trabalho híbrido?
  • Nossas equipes de transformação contam com diversidade com relação a gênero, etnia, nacionalidade e vivências?
  • Como podemos obter a combinação ideal de habilidades nos locais certos para desenvolver e reter talentos de maneira econômica?
Artista trabalhando na pintura em seção de estúdio
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Capítulo 6

Reavalie o rastreamento e o monitoramento de desempenho

Uma nova lista de métricas se faz necessária para medir o sucesso da transformação.

Defina KPIs de transformação desde o início

Os bancos muitas vezes olham primeiro para as métricas financeiras ao avaliar o desempenho das iniciativas de transformação, durante e após o programa. Embora não possam ser ignoradas, essas métricas devem ser consideradas de forma combinada com indicadores operacionais e de experiência do cliente, contemplando, por exemplo, a pontuação líquida do promotor da transformação ou taxas de processamento direto. É vital definir um critério de sucesso, uma estrutura de mensuração e os KPIs para a velocidade, qualidade e valor da transformação no início de qualquer iniciativa e, em seguida, aderir a esses critérios com afinco.

As métricas financeiras devem ser consideradas em combinação com indicadores operacionais e de experiência do cliente, como pontuação líquida do promotor da transformação ou taxas de processamento direto.

A análise quantitativa deve ser combinada com avaliações qualitativas, como perspectivas de casos específicos de clientes ou colaboradores envolvidos na transformação. Isso pode fornecer as nuances e o contexto que muitas vezes são perdidos se nos ativermos apenas à avaliação quantitativa. Os recursos para monitoramento devem naturalmente ser alocados em maior ou menor intensidade, de acordo com a escala e importância da iniciativa de transformação.

“Iniciativas de transformação de alto valor são analisadas de forma mais pormenorizada, em que um comitê analisa o progresso duas vezes por trimestre e determina como e quando os desafios podem ser superados”, explica o diretor de transformação de um grande banco da Ásia do Pacífico. “Iniciativas de transformação menores, contudo, são avaliadas trimestralmente e consideradas de forma automatizada com base em algum critério de governança padrão. Avaliamos principalmente as iniciativas menores apenas com base no resultado, assim que o projeto é concluído.”

Coloque a transformação no âmago do negócio

Se uma transformação for considerada malsucedida, uma equipe de transformação central deve documentar os motivos nas revisões pós-implementação e compartilhar as principais lições com os negócios em geral para garantir que os erros de julgamento não sejam repetidos. É importante ressaltar que essas informações devem ser revisadas pelos gestores executivos; caso contrário, o aprendizado será perdido.

Principais questões para os bancos que buscam reavaliar o rastreamento e o monitoramento do desempenho:

  • E de que forma definimos, mensuramos e relatamos as iniciativas de transformação?
  • Ao mensurar o sucesso, nos valemos do equilíbrio certo de KPIs, contemplando esses indicadores financeiros, de clientes, operacionais e de colaboradores?
  • Estamos aprendendo com os erros de transformação cometidos no passado?

Potencializar a liderança é a chave para o sucesso

Um tema comum em todas as nossas discussões com líderes do setor bancário foi a importância da liderança. Seja por meio da definição e comunicação da agenda de transformação, de mudanças organizacionais que criam um banco mais ágil ou pelo desencadeamento de uma mudança cultural, faz-se necessária uma liderança forte e comprometida para organizar e inspirar.

Com uma gestão executiva confiante e comprometida, os bancos podem começar a dominar a arte da transformação.

* Os entrevistados que indicaram a afirmação descrevem sua transformação de forma significativa, definida como uma classificação de 8 ou mais em uma escala de 0 a 10.

A reimaginação da transformação bancária

Os líderes de transformação bancária em todo o mundo revelam seis recomendações para reformular a mudança organizacional.

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Resumo

Em um cenário em que as transformações muitas vezes erram o alvo, os bancos precisam de fato revisar sua abordagem. Repensar a concepção e o investimento, manter os humanos no centro do processo e reavaliar o monitoramento do desempenho mudará drasticamente os resultados da transformação.

Sobre este artigo

Por Jan Bellens

Lider Global da EY para Banking & Capital Markets

Líder apaixonado por inovação em serviços financeiros, especialmente em mercados emergentes. Cidadão do mundo global. Ávido viajante.