Pesquisa FCI mostra pessimismo do consumidor com problemas como inflação e desemprego
Aos poucos, os efeitos da pandemia estão sendo superados em todo o mundo, inclusive no Brasil. Apesar dos impactos diretos da Covid-19 estarem em processo de superação, com a vacinação em massa e o fim gradual das restrições sanitárias, as instabilidades macroeconômicas e a incerteza em relação ao mercado de trabalho aumentam o pessimismo dos brasileiros nos próximos meses, independentemente do resultado das urnas.
Os dados constam da décima edição do Future Consumer Index (FCI), produzido pela EY e que analisa o comportamento de consumo em diversos países do mundo. A principal preocupação dos entrevistados no curto prazo é a deterioração do ambiente macroeconômico. A alta da inflação, em especial no preço dos alimentos, faz com que 73% dos brasileiros estejam extremamente preocupados com os custos de produtos e serviços básicos. Isso faz com que 42% estejam muito preocupados com o acesso às suas necessidades básicas e 91% tenham algum grau de preocupação com suas finanças.
Na visão dos consumidores entrevistados, o cenário deverá continuar em 2023: o custo de vida segue sendo a principal preocupação para o próximo ano, com itens como a alta dos combustíveis (75%), energia / água / serviços públicos (72%), das compras básicas (67%) e de saúde (66%) se mostrando muito relevantes para a formação das expectativas.
A ideia de retorno ao cotidiano nos moldes pré-pandemia parece descartada. Os dados do FCI mostram que 39% dos brasileiros dizem que vão ficar mais tempo em casa e 42% pedirão mais produtos online no futuro, ao mesmo tempo em que 35% voltarão a visitar lojas físicas como faziam no passado.
A alta da inflação faz com que o preço seja fator decisivo na compra, segundo a pesquisa. Esse movimento é mais intenso na população de menor poder aquisitivo, em que 67% estão comprando proporcionalmente mais itens essenciais (contra 40% na classe alta).
Para driblar os reajustes de preços, 46% dos brasileiros estão buscando novas marcas de produtos e 36% estão trocando marcas tradicionais por private label (marcas próprias de supermercados, por exemplo), inclusive na cesta básica. As categorias em que os consumidores mais dizem estar dispostos a comprar de marcas private label são alimentos frescos (58%), cuidados com a casa (56%) e roupas, sapatos e acessórios (40%).
Na busca dos consumidores por opções mais baratas, os meios digitais ganham força como ferramenta de consulta. Redes sociais, aplicativos e mecanismos de busca são considerados como as principais formas de obter informações mais certeiras sobre preço e desempenho. Além disso, os brasileiros estão dispostos a fornecer dados pessoais para receber promoções personalizadas (71% concordam) e recomendações de produtos mais baratos (68%).
O avanço da digitalização também se reflete na hora de pagar o produto adquirido. No total, 73% dos brasileiros ouvidos pretendem usar menos dinheiro vivo (cash) em suas compras nos próximos três anos. Para os consumidores, o uso conjunto de canais físicos e digitais agrega valor à experiência de compra. Embora 37% dos entrevistados considerem que as marcas são importantes na decisão de compra, essa importância está sujeita à possibilidade de transitar sem atritos do físico para o digital – e vice-versa.
“Os consumidores sabem que o uso conjunto dos canais agrega valor à experiência de compra – por isso, utiliza cada meio segundo sua conveniência e momento de consumo. Com isso, as marcas que souberem promover melhores conexões, integrando as lojas físicas a uma jornada de compras digitalizada, estarão em vantagem”, diz trecho do estudo da EY.
A integração entre físico e digital será intensificada nos próximos anos com os avanços do Metaverso. “Os espaços de varejo do futuro serão uma mistura efetiva entre físico e digital, fazendo com que a ida à loja física seja um momento de experiência, muito mais que uma ocasião de compra”, aponta o estudo.
Algumas marcas estão cientes disso, como a Via, empresa responsável por bandeiras como Casas Bahia.“A loja física deixou de ser apenas um ponto de venda direto e passou a ser um local de relacionamento com o consumidor”, Orivaldo Padilha, vice-presidente de finanças da Via. Segundo ele, a sinergia entre o físico e o digital deu tão certo que, em regiões onde são abertas novas lojas físicas há aumento das vendas em canais digitais. “Essa fusão tem trouxe muitos resultados positivos para a empresa como um todo”, disse Padilha, durante o evento “Encontro do Consumidor por Indústria - A influência do consumidor na transformação dos ecossistemas”, promovido em agosto pela MIT Sloan Review Brasil, em parceria com a EY.
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