Por Armando Lourenzo, presidente do Instituto EY e diretor da EY University
Ouvimos frequentemente as pessoas dizerem que os colaboradores não podem misturar assuntos profissionais com temas pessoais. Será essa uma verdade absoluta? Creio que não, até porque é impossível a qualquer pessoa separar as coisas 100% do tempo. Existem assuntos particulares que, inevitavelmente, vão transparecer no ambiente de trabalho e, por vezes, interferir na execução das tarefas do funcionário. O problema não está na interferência, mas na frequência e intensidade com que ela acontece.
Nem sempre estamos preparados para lidar com dilemas pessoais da nossa equipe. Mas essa é uma habilidade importante e necessária. Como líder, você certamente vai se deparar com alguma situação em que precisará saber o que fazer caso algum colaborador esteja passando por um momento difícil.
Não ignore o problema. Seu funcionário, muitas vezes, precisa apenas de alguém que o escute ou que o ajude a pensar e, por achar você uma pessoa experiente, pode apreciar sua opinião quanto ao problema pelo qual ele está passando.
Entenda que essa pode ser uma oportunidade de aproximação e, com certeza, poderá se mostrar de grande valor no futuro. Temos uma responsabilidade social com as pessoas que lideramos. Saber dar o apoio necessário em momentos difíceis mostrará a sua empatia com o time e, consequentemente, aumentará o comprometimento do colaborador, resultando em mais produtividade e eficiência.
O ponto delicado aqui, como dito, está na frequência com que o colaborador deixa que problemas pessoais afetem seu trabalho. Alguns profissionais podem se tornar um verdadeiro “profissional problema”, e isso, muitas vezes, tem menos relação com a quantidade de desafios que ele encara em sua vida cotidiana e mais com sua postura diante dos problemas. Fique atento para dar o apoio que julgar necessário, mas também para entender o tipo de pessoa que trabalha ao seu lado.
Pense nisso: se a pessoa te procura para conversar é porque ela confia em você. Faça valer a responsabilidade social do líder.
*Este artigo foi publicado inicialmente na Você S/A.