Por Priscilla Carvalho, sócia da EY e especialista em Supply Chain, Operações Logísticas e Otimização
Ofim de ano é conhecido por incrementar o mercado de trabalho com a abertura de vagas temporárias aos trabalhadores, em especial no varejo. A partir do último trimestre, as empresas, lojas e redes varejistas contratam milhares de pessoas por conta do aumento das vendas durantes as festas natalinas. Este ano, a contratação dos temporários chegou acompanhada de uma novidade interessante: a necessidade de reforçar as áreas de logística para atender a força do e-commerce.
As contratações em centros de distribuição (CDs) de grandes, médias e pequenas redes de varejo e serviços de apoio ao e-commerce, como transporte, cresceram em um ritmo duas vezes maior ao das lojas físicas. No último trimestre de 2021, o número de trabalhadores temporários necessários para suprir as necessidades de logística das lojas que vendem pela internet aumentou quase 50% ante o mesmo período do ano passado.
No geral, a maior parte dos temporários ainda é contratada pelas lojas físicas, mas a velocidade de abertura de postos tem sido menor em relação à logística: o comércio de rua e shoppings centers admitiram 21% a mais do que em 2020, segundo dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário e publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo. Em números absolutos, segundo o levantamento da Asserttem publicado pelo Estadão, o comércio tradicional contratou, este ano, 84,7 mil temporários, ante 70 mil em 2020.
Os números mostram a importância da logística no país para atender a força cada vez maior do e-commerce. Na cadeia de suprimentos do passado, as empresas vendiam produtos e serviços por meio de cadeias lineares de valor. A inovação e a disrupção nos negócios, porém, impulsionaram as empresas a um novo modelo de cadeia de abastecimento movido por ecossistemas digitais e redes de mercado que permitem formas híbridas de cooperação e concorrência.
Além disso, à medida que a tecnologia e a demografia moldam as indústrias, cadeias de suprimentos e operações devem sofrer uma reestruturação radical para enfrentar o desafio de melhorar o desempenho e a inovação.
É preciso estar preparado para atender a um consumidor que compra cada vez mais pela internet e menos nas lojas físicas, que continuarão sendo muito importantes, sim, mas talvez como um local de experiência do consumidor e não necessariamente de compra. Da produção até a entrega final da mercadoria ao cliente no e-commerce, há uma complexa operação que deve funcionar em sintonia como um relógio, até porque o tempo é um dos componentes essenciais do e-commerce para garantir a satisfação do consumidor. Afinal, o trenó do Papai Noel muitas vezes não navega mais pelos céus e sim pela internet.