Por José Ronaldo Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT); Marcos Karpovas, sócio da EY para TMT; e Antonio Pimenta, COO da Siga Antenado
Mesmo nas redes 4G, empresas de telecomunicações têm oferecido ao público B2B serviços de rede cobrados no modelo de Network as a Service. É o caso, por exemplo, de cloud e data center, em que a infraestrutura é oferecida para os clientes, enquanto as operadoras garantem a segurança e a estabilidade da entrega.
Com o 5G, esse movimento será acelerado, uma vez que essa tecnologia estruturante se coloca como base para a implementação de IoT (Internet das Coisas), inteligência artificial, analytics, automação e robótica, entre outras possibilidades.
Para que esse movimento ganhe tração, porém, fornecedores e organizações precisam mudar o mindset da monetização dos serviços. O estudo Reimagining Industry Futures mostra que as empresas avaliam a contratação de serviços 5G sob a mesma lente do 4G, contratando conectividade e devices como upgrades da estrutura móvel existente. A aquisição de 5G como um serviço contratado está apenas na quarta posição entre os modelos preferidos de investimento, atrás ainda da construção de redes próprias e do uso de intermediários (como Mobile Virtual Network Operator - MVNO). No mercado europeu, a preferência pela contratação de serviços se destaca, indicando a região como um potencial centro de experimentação e inovação em aplicações de 5G nos próximos anos.
Fatores estruturantes das telecomunicações nas diferentes regiões do mundo explicam maior ou menor aderência a modelos “as a service”. Para que negócios contratados como serviços tenham performance compatível com as necessidades dos negócios, a nuvem precisa estar mais próxima dos clientes para diminuir a latência. Com isso, a Europa deverá apresentar mais alternativas em Edge Computing nos próximos anos, já que esse modelo também depende de aproximação física entre o serviço e o cliente.
Hoje, as possibilidades de desenvolvimento de soluções e modelos de monetização ainda ocupam uma posição secundária, pois a infraestrutura está sendo colocada em operação. Redes privativas também estão sendo estabelecidas e apontam para um cenário em que um cliente poderá ter à disposição vários modelos de negócios. Certamente, a aplicação de 5G não se dará de forma homogênea – considerando as necessidades diversas.
Nos próximos anos, veremos uma evolução tecnológica baseada em casos de uso, impactando cada local de forma diferente. Não será incomum uma fazenda receber vários nós de 5G para monitoramento das culturas, ao mesmo tempo em que a cidade mais próxima ainda use a geração anterior de conectividade.