Por Leonardo Donato, sócio-líder da EY em Telecomunicações, Mídia & Entretenimento e Tecnologia para América Latina
Chegamos ao fim de mais uma edição do Mobile World Congress (MWC). Tivemos e vivemos uma enxurrada de novidades, experiências, insights e debates de altíssimo nível com especialistas de diversas partes do mundo. Foram muitas horas de uma programação diversificada e intensa, além de muito networking. Uma das principais lições que tiramos desse evento, contudo, é algo que não chega a ser uma grande novidade.
Pode parecer irônico ou até controverso falar que, em um evento essencialmente de tecnologia, um dos aprendizados centrais não seja algo incrivelmente disruptivo. O ponto é que todas as inovações, possibilidades e oportunidades apresentadas precisam necessariamente de um elemento em comum: pessoas.
Aqui na EY já éramos conscientes disso, mas o MWC 2024 deixou ainda mais claro não só para nós, mas para todos os stakeholders que participaram de alguma forma dos debates. Acreditamos que a transformação baseada na inteligência artificial falhará se não considerar o impacto nas pessoas, tanto clientes quanto colaboradores, e se não forem geradas estratégias para mitigar os possíveis riscos e impactos gerados. Nossa plataforma unificada EY.ai, por exemplo, antes de reunir um ecossistema holístico e incorporar a tecnologia em velocidade e escala, com base em experiências diversas e diferentes percepções, oferece soluções que colocam os seres humanos no centro da transformação desejada.
E quando falamos de pessoas, também entramos em uma temática fundamental: ESG. A parte Social dessa agenda é mais um ponto em comum entre a programação do evento e os temas que a EY promove em várias instâncias, principalmente com o recorte de diversidade e o impulso das mulheres na tecnologia.
Dentro do congresso, lideramos vários espaços de discussão com essa temática, nas quais diferentes palestrantes internos e de outros atores do ecossistema abordaram a necessidade de gerar um melhor ambiente de trabalho. Foram debatidas e destacadas as últimas estratégias e melhores práticas para infundir diversidade, neurodiversidade, equidade e inclusão em todas as partes do negócio, o que está diretamente relacionado ao seu sucesso.
Alinhado a esse tema, com o propósito de impulsionar uma cultura inclusiva para transformar a sociedade e criar valor de longo prazo, podemos compartilhar nosso programa chamado Women in Tech, focado justamente em possibilitar que colaboradoras, independentemente de sua formação, possam buscar conhecimento, inspirar outras mulheres e promover um ambiente que encoraje a colaboração e empoderamento feminino em empreendedorismo e inovações tecnológicas.
Essa é uma necessidade e uma barreira antiga e urgente que o mundo precisa quebrar. Trazendo para o cenário brasileiro, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que, entre 2015 e 2022, o aumento da participação feminina foi de 60% no setor de tecnologia. Vendo pelo copo meio cheio, isso já mostra que a realidade está mudando (ainda bem!).
Porém, apesar desse crescimento, 83,3% do mercado é composto por homens, enquanto as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos de tecnologia, ainda segundo dados do CAGED.
Para evoluir nessas discussões é fundamental ter o apoio dos principais eventos, como o Mobile World Congress, que, por meio de especialistas, trazem holofote para essas questões, atraindo a imprensa mundial. Apesar do avanço, muito ainda precisa ser discutido e praticado pelas empresas e sociedade, e esperamos continuar contribuindo no entendimento de que mais do que inovação tecnológica, é sobre pessoas que estamos falando e para pessoas que estamos inovando.
*Este artigo foi publicado inicialmente no Meio & Mensagem.