Por Armando Lourenzo, presidente do Instituto EY e diretor da EY University
Na rotina de trabalho, é fato que a responsabilidade dos líderes é grande, mas e a dos colaboradores? Assim como toda força de trabalho de uma organização, os líderes são humanos e têm suas limitações.
Para tornar o ambiente mais acolhedor e próspero, é importante que os colaboradores pratiquem o autoconhecimento para que sejam capazes de perceber as situações em que podem melhorar nas tarefas diárias e nas relações do ambiente corporativo.
Um dos principais pontos que muitos ignoram, mas que é absolutamente relevante para o crescimento e desenvolvimento pessoal, é como lidar com frustrações. Tarefas que colaborem com essa aptidão são primordiais para o desenvolvimento do indivíduo e, por consequência, de todo time.
Dentro das limitações emocionais de cada um e partindo da premissa de que os líderes devem ter comportamentos dentro de critérios legais e de princípios morais, os colaboradores também têm total responsabilidade por seu autodesenvolvimento.
O mundo corporativo ideal seria aquele em que todas as empresas tivessem programas de desenvolvimento de pessoas, mas, infelizmente, essa não é a realidade. Portanto, iniciativa passa a ser a palavra de ordem.
Treinamentos gratuitos em plataformas digitais e até mesmo aconselhamento por parte de profissionais mais seniores (sim, existem vários por aí, basta apenas a atitude de contatá-los) podem ser alguns dos meios para buscar o autoconhecimento. Aprender com as situações vividas por meio de experiências é algo vital para o desenvolvimento real do ser humano e não tem uma relação direta com a idade, mas com a intensidade da vivência em determinadas situações reais, mesmo as do cotidiano.
Como exemplo, se uma pessoa tem 50 anos, habilitação há 32 e dirige somente alguns domingos por mês em um trânsito mais tranquilo, terá menos experiência do que um outro motorista com 25 anos, habilitado há sete e que dirige oito horas por dia, de segunda a sábado, enfrentando um trânsito carregado. Alguém pode dizer que tem 25 anos de experiência profissional, mas, na prática, isso pode significar um ano de experiência e outros 24 de repetição do que aprendeu no primeiro ano profissional.
Não se pode esperar que os funcionários tenham líderes dentro de si. É preciso entender que essa diversidade de perfis e estilos é valiosíssima para a formação profissional dos indivíduos durante sua jornada de carreira, e que esse amadurecimento terá reflexos positivos também na vida pessoal.
Os colaboradores devem conhecer suas potencialidades e limitações, aprendendo a lidar com cada uma delas. Ao realizar esse processo, os relacionamentos interpessoais passarão a ser cada vez mais saudáveis e produtivos com seus pares e gestores.
Criticar a liderança é muito comum, e, em diversas situações, tais críticas têm sentido, mas isso não elimina a possibilidade de os colaboradores aprenderem a lidar com algumas situações difíceis na relação entre líder e liderado, desde que respeitadas condições de estrutura emocional, aspectos morais e de legalidade no relacionamento.
Por sua vez, os colaboradores têm de assumir o protagonismo de suas carreiras para que possam crescer profissionalmente. Pense sempre nisso, pois os líderes não passam pela jornada profissional sozinhos. Seu time sempre o acompanhará, e seu dever é orientá-lo a ter protagonismo na carreira e a entender que você possui limitações como qualquer outro ser humano (ainda bem!).
*Este artigo foi publicado inicialmente na Você S/A.