Por Marcelo F. Lira, sócio de mercados da EY Brasil; Raquel Teixeira, sócia de EY Private e líder dos programas Empreendedor do Ano Brasil e Winning Women Brazil; e Fabrício Araújo, gerente sênior da EY Parthenon
O avanço da tecnologia de comunicação 5G inaugura era de inovação em diversas verticais da indústria. O que está claro é que o caminho para a evolução das aplicações de 5G passa pela construção de ecossistemas de negócios. Nenhuma empresa, isoladamente, é capaz de deter todo o conhecimento e desenvolver as aplicações necessárias para a indústria. As inovações derivadas da comunicação 5G envolvem a combinação de empresas, capacidades e tecnologias.
O panorama atual da indústria reflete a necessidade imperativa de colaboração e cocriação para impulsionar o potencial total das tecnologias 5G e outras inovações emergentes. Conforme os limites da inovação são constantemente desafiados, fica evidente que nenhuma organização pode almejar a excelência isoladamente. O desenvolvimento de ecossistemas de negócios se apresenta como um meio não apenas de compartilhar conhecimento e recursos, mas também de criar sinergias entre diversos atores do mercado. A colaboração não é mais um luxo, mas uma condição essencial para navegar com sucesso pelo complexo e dinâmico cenário tecnológico.
Modelos baseados em inovação aberta, criados para resolver as dores da empresa a partir de parceiros externos, são exemplos que mostram como é possível atuar em conjunto com startups para ter agilidade e permitir adaptação rápida às transformações do mercado. Especialmente em áreas onde ainda não existem modelos prontos ou nos quais as corporações não têm o conhecimento in house. Acessar startups ou parceiros que estão muito mais avançados em áreas específicas é um modelo que faz muito sentido para resolver problemas complexos.
Questões que ainda não contam com um “padrão vencedor”, como veículos autônomos, eletrificação das frotas de automóveis, Open AI e Internet das Coisas (IoT), dependem de um roadmap de inovação e transformação que permita descobrir as melhores soluções para os mais variados problemas de negócios. A visão plural, necessária para encontrar esses caminhos comuns, só é viável a partir dos ecossistemas.
O estudo Reimagining Industry Futures, realizado pela EY, mostra que o impulso para a inovação existe no topo das organizações, e que o valor dos ecossistemas já está claro para o C-Level das companhias. Segundo o estudo, 74% dos entrevistados brasileiros afirmam que é necessário reimaginar o futuro de seus setores para extrair o máximo valor possível da tecnologia 5G, e 82% dizem que suas organizações pretendem saber como tecnologias emergentes estão transformando empresas em diversos setores.
Os números indicam que a maioria dos entrevistados reconhece que o ecossistema é uma ferramenta estratégica essencial para explorar o potencial do 5G e outras tecnologias emergentes. A vontade de alavancar as vantagens oferecidas pelas parcerias é evidente, e a busca por soluções conjuntas é uma tendência que deve moldar a próxima década. De acordo com 77% dos entrevistados pela EY no mercado brasileiro, estratégias de ecossistemas vão se tornar uma alavanca de crescimento de sua organização nos próximos cinco anos.
A visão do futuro, porém, ainda não está materializada no presente, o que abre gaps e cria oportunidades para organizações que conseguirem se movimentar mais rapidamente. Nesse cenário, o desenvolvimento de parcerias horizontais, com empresas do mesmo setor, vem sendo buscado por 51% das empresas. E, embora o uso de tecnologia seja essencial em todo segmento, mercados como Energia ou Mineração têm um caminho mais longo a percorrer, pois contam com uma cadeia de distribuição complexa. Ao mesmo tempo, o ambiente competitivo e a presença de players globais, com acesso facilitado a mais fontes de conhecimento, influenciam o desenvolvimento de cada setor da economia.
Nesse caso, as empresas brasileiras estão bem posicionadas, uma vez que existe uma predisposição cultural em inovar para criar vantagens competitivas. Do agro ao varejo, passando pela mineração, indústria, energia, saúde e diversos outros segmentos, a presença da inovação já está na agenda dos executivos, que aliada à pressão externa por aumento de eficiência e produtividade, cria um ciclo positivo de transformação. É preciso garantir o hoje e preparar o amanhã, sem perder competitividade ao longo dessa trajetória.