Por Jan Bellens, líder global da EY para Banking & Capital Markets
Os bancos têm tentado reposicionar seus negócios – ou parte deles pelo menos – como empresas de tecnologia conforme transformam a experiência dos clientes para a de banco digital e abraçam as inovações dos sistemas financeiro e de pagamentos, como Open Finance e tokenização de ativos. Nesse contexto, precisam de mão de obra especializada, que é encontrada cada vez mais na Geração Z. No entanto, a competição por talentos de tecnologia e dados é acirrada, motivo pelo qual as instituições financeiras enfrentam dificuldades para atrair e reter esses profissionais. A geração anterior dos Millennials que começou sua carreira no setor financeiro está sendo atraída pelas empresas de tecnologia, como as Big Techs, com a possibilidade de trabalhar em projetos inovadores, vivenciar uma cultura corporativa dinâmica e receber pacotes de remuneração significativos.
Os executivos de TI citam a escassez de talentos como a maior barreira para a adoção de tecnologias emergentes, estando entre elas a inteligência artificial. Há, ainda, a movimentação das fintechs, que têm, assim como as empresas de tecnologia de outros setores, atraído esses profissionais. Está claro, portanto, que os bancos precisam criar condições de chamar a atenção da Geração Z, especialmente de quem trabalha com tecnologia. O apelo do setor bancário a esses talentos tem sido questionado. Por isso, o caminho para os bancos é continuar modernizando suas tecnologias e seus sistemas legados para que esses profissionais vejam a possibilidade de trabalhar no setor financeiro com tecnologias líderes de mercado. Embora existam exceções, poucos profissionais jovens vão se concentrar nas tecnologias de ontem quando poderiam buscar projetos em IA generativa, plataformas de nuvem e outras áreas disruptivas.
Os bancos podem estabelecer estratégias personalizadas e propostas de valor atraentes para talentos de tecnologia e dados, como engenheiros, desenvolvedores e especialistas em segurança cibernética, considerando planos de carreira definidos, programas de desenvolvimento profissional e remuneração atrativa.
Ao formar parcerias com universidades e grupos de diversidade (por exemplo, Moms First e Girls Who Code), os bancos podem explorar um grupo mais amplo de candidatos, o que ajudará a preencher cargos vagos e tornar a força de trabalho mais inclusiva. Na mesma linha, os bancos podem considerar a redução das barreiras de entrada para algumas funções de tecnologia. Como os níveis de matrícula na faculdade estão diminuindo nessa área, identificar uma variedade de funções de tecnologia que podem ser desempenhadas somente com treinamento razoável ofertado no próprio ambiente de trabalho pode ajudar a impulsionar o interesse da Geração Z pelos bancos. É aconselhável, ainda, direcionar os esforços de recrutamento para locais reconhecidos como centros emergentes para talentos de tecnologia e dados.
As cinco questões abaixo podem auxiliar os bancos a tornar seu ambiente mais desejado pelos profissionais de tecnologia e dados da Geração Z.
1) Estamos pensando de forma criativa sobre como contratar talentos em tecnologia e dados?
2) Estamos explorando uma ampla rede de grupos de talentos para identificar candidatos a fim de estimular a diversidade na força de trabalho?
3) Podemos oferecer projetos de tecnologia inovadores para nossos profissionais da Geração Z?
4) Criamos uma experiência de recrutamento e de contratação vista como atrativa ou relevante pelos profissionais de tecnologia e dados?
5) Como nossa experiência profissional, com destaque para as tarefas e os desafios do dia a dia, se compara com as Big Techs e fintechs?