Por Priscilla Carvalho, sócia-líder de Logistics & Fulfillment da EY para a América Latina, e Luciana Detoni, head do Hub de Startups da EY
"Amissão da logística é levar os bens ou serviços certos para o lugar certo, no momento certo e na condição desejada, ao mesmo tempo em que contribui para a empresa”. Esse é o conceito da chamada Missão da Logística, (Council of Logistics Management), que vem da década de 60. Neste momento, tomamos a liberdade de refletir e revisar essa definição à luz do que vivemos hoje em relação às exigências dos clientes e considerando tecnologias existentes.
A missão da “logística do futuro” deve prever e antecipar onde, quando e como os bens ou serviços devem estar, levá-los com o menor tempo possível para atender a demanda e ainda estar preparada para as mudanças repentinas. Ao mesmo tempo deve contribuir para o sucesso da empresa, gerando o menor impacto ao meio ambiente e à sociedade.
Diante disso, é indiscutível a importância do papel das LogTechs para a evolução do modelo de gestão da logística em geral e, principalmente, no Brasil, um país de dimensões continentais com diversos gargalos de infraestrutura. E não estamos falando somente de gestão de transporte, como, por exemplo, os famosos “APPs dos motoristas”, que vêm ganhando espaço desde 2013/2014, com diferentes roupagens.
Estão chegando ao mercado diversas soluções de visibilidade, roteirização, e co-sharing de ativos, mas ainda poucas soluções voltadas para predição e gestão de pedidos integrada com a decisão de entrega (Order Management+Delivery Optimization), principalmente para atender o e-commerce. No caso de suprimentos, o que também vemos com bons olhos são soluções para rastreabilidade e controle de origem, principalmente para atender requerimentos de qualidade e sustentabilidade.
Estima-se que o Brasil tenha mais de 300 startups no setor de LogTech e, entre elas, tornaram-se unicórnios: 99, CargoX, Daki, iFood e Frete.com. Vale ressaltar que, em 2021, das 100 startups selecionadas na 4ª edição do Startups to Watch, 14 eram soluções para Transporte e Logística, sendo 4 dessas para desintermediação do frete – transportadoras digitais para conexão com motoristas, e outras 2 de gestão de e-commerce.
A EY acredita fortemente na parceria com startups para solucionar diversos desafios de negócios dos nossos clientes. Em breve lançaremos o EY Startup Hub que irá fomentar e impulsionar o desenvolvimento de iniciativas nestas áreas.
Hoje identificamos alguns pontos que dificultam a evolução dos negócios das LogTechs: nível de maturidade das empresas no que tange a flexibilidade no modelo de contratação e relacionamento com fornecedores, as burocracias relacionadas tanto na gestão dessas LogTechs como também no uso de tecnologia na logística versus tudo que ainda precisa ser analógico no processo.
Além disso, a maioria das startups está focando em digitalização de processos existentes. Este é um primeiro momento, mas qual será o próximo passo? Digital Twins para tomada de decisão, predição do comportamento do motorista, antecipação do local de estoque com base na predição da demanda no curto prazo? Precisamos ampliar a otimização para o E2E no curto prazo. Fica aqui o desafio.